No mais longínquo território de nossas mentes, onde as memórias habitam, está guardado sentimentos nostálgicos a respeito de acontecimentos, pessoas, canções e até mesmo filmes que de certa forma marcaram nossas vidas. Para aqueles que viveram seja a infância ou a fase adulta na década de 90 se questionados sobre o filme Edward Mãos de Tesoura com certeza abrirão um belo sorriso de orelha a orelha. E em determinadas pessoas a lembrança do filme ocasionará no mínimo uma sincera lágrima de canto de olho. Não é a toa que a primeira parceria entre Tim Burton e Johnny Deep consegue extrair essa mescla de alternâncias emocionais entre o seu público. Além da bela montagem, fotografia, trilha sonora do ex-Oingo Boingo Danny Elfman, e uma impecável direção de cast o filme consegue alcançar com grande êxito esse equilíbrio entre a diversão e a emoção através de seu protagonista principal. E Burton entrega em Edward Mãos de Tesoura um inspiradíssimo clássico americano pela sua síntese de humanização. Em Edward há referência a alguns personagens imortalizados no cinema, como o Pinóquio da Disney, na sina de tornar-se um humano, ou até em Frankenstein, uma criatura incompleta que de certa forma acaba inserida na sociedade em sua necessidade de coexistência e acaba interferindo nela. E o que cativa em Edward Mãos de Tesoura é a identificação com a causa e o carisma de seu protagonista.
Pode-se dizer que Edward é a primeira obra madura do cineasta. Há muitas questões interessantes de nível emocional, psicológico e moral levantadas pelo cineasta nesse filme, não de forma direta, mas indireta. Como na inserção “acidental” na sociedade, da qual acaba aguçando a curiosidade do personagem, e ele acaba por apreciar a popularidade, conforme ao mesmo tempo vai conhecendo o preconceito, dos quais só levam a crer que a continuidade do isolamento ainda era a melhor coisa para o seu bem moral. Mas então Burton insere a paixão em seu personagem, da qual acaba sobrepujando todos os sentimentos ruins. E que acaba o impulsionando em sua necessidade de aceitação na sociedade e no corresponder de sua paixão platônica por Kim (Winona Ryder no auge da carreira, hoje de certa forma ofuscada por suas crises cleptomaníacas). Edward Mãos de Tesoura possuí uma galeria de cenas antológicas e cativantes. E que com certeza tem em uma das cenas mais belas, sinceras e memoráveis da história cinematográfica, uma síntese de seu poder de emocionar. A cena em que a personagem Kim (Wynona Ryder) dança em torno da escultura de gelo em que Ed dá os retoques finais, ao som da fantástica trilha de Danny Elfman, Ice Dance. Dizer que a transmutação de Johnny Deep em Edward Mãos de Tesoura está estupenda seria redundante demais, o imenso talento do ator fala por si. E Burton aqui é mais do mesmo. E apartir desse trabalho é que nota-se a linha autoral característica de Burton que pode-se observar até da lua. A preferência pelos tons góticos, a constante trilha de Danny Elfman e a não menos importante parceria com Johnny Deep, quase como um “triângulo amoroso” que tem nos proporcionado ótimas obras por décadas afim.
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